Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA) antiga FEBEM - Fundação do Bem Estar do Menor
É muito fácil saber que assim como o sistema prisional, essa instituição do governo estadual a qual sao mantidos menores infratores do Estado de SP, não cumpre com o mínimo dever da ressocialização para qualquer humano que ali esteja.
Mesmo com mudanças ocorridas em 2006 em virtude do grande numero de ocorrências na CASA, a mudança do regime em alguns pontos incluindo a troca do nome da instituição, não deixou que esta perdesse sua conhecida fama de não cumprir com as medidas socioeducativas propostas pela mesma.
É incontável o número de denuncias de casos de abusos, exploração, maus tratos, entre outras infrações de agentes da CASA para com os jovens retidos. Não é de hoje também, o costume da produção literária tanto dentro, quanto fora da instituição sobre o cotidiano vivido ali dentro. São publicações auto-biográficas, documentarios, filmes, entre outros.
Dentre esses materiais podemos citar como parâmetro das produções a respeito da FEBEM a produção do filme "contador de histórias" de Luiz Villaça que trata da condição oferecida aos menores na instituição com base na vida de Roberto Carlos Ramos.
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foto - Joildo.net
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Além do filme, a auto-biográfica da menor Sandra Mara Peruzzo, conhecida como Herzer que relata em seu livro " a queda para o auto" também relata sérios problemas da realidade de menores sem condições algumas de sobrevivência. Segundo o livro, alguns menores encaminhados para a instituição não por serem deletores acabam entrando para o crime pelo ambiente determinado sem suporte para o resgate do ser humano.
As várias denuncias contra a instituição estão a vista e infelizmente não são obras como estas que mudam o cotidiano e a forma de trabalho feito pela Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente, essa esdrúxula e vergonhosa instituição governamental.
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Mataram João Ninguém - Herzer
Quando o próximo sangue jorrar
daquele por quem ninguém irá chorar,
daquele que não deixará nada para se lembrar
daquele em quem ninguém quis acreditar.
Quando seus olhos só puderem fitar o escuro
quando seu corpo já estiver inerte, frio e duro,
quando todos perceberem morto João Ninguém
e quando longe de todos ele será seu próprio alguém.
Tantas mãos, tantas linhas incertas,
tantas vidas cobertas, sem ninguém pra sentir,
Tantas dores, tantas noites desertas
tantas mãos entreabertas, sem ninguém pra acudir.
Qualquer dia vou despir-me da luta
pisar em coisas brutas, sem me arrepender.
Tão difícil ver a vida assassinada
quando estamos já tontos pra tentar sobreviver.
As perguntas sem respostas, sem nada,
as vidas curtas e desamparadas
o último grito que não foi ouvido
calaram mais um homem iludido.
E no mundo não dão mais argumentos
pra fugir aos lamentos
De quem sozinho falece.
de quem sozinho falece.
Para esses, não há mais compreensão,
não há mais permissão, para que se tropece.
Na televisão, o aguardo da cotação
um instante ocupado, para dizer morto João Ninguém
mas a aflição ataca, a cotação subiu ou caiu?
e João morreu... ninguém ouviu.
Eu vou distribuir panfletos,
dizendo que João morreu
talvez alguém se recorde
do João que falo eu.
Falo daquele mendigo que somos
pelo menos em matéria de amor,
daquele amor que esquecemos de cultivar
o qual com tanto dinheiro, ninguém jamais coroou.
*Leia o resumo da obra e alguns poemas de Sandra Mara Herzer
**Saiba mais sobre o filme O Contador de Histórias
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