17.12.10

Determismo

O determinismo por si nega a possibilidade  da escolha, nega a possibilidade do homem se ver traçando caminhos diferentes que os traçados pelos que compartilham do mesmo espaço ao qual esta exposto. 
Ele afirma uma sucessão de fatos que esses homens estão sujeitos a repetir continuamente, mas ele tem sua parte boa, há  suas exceções.



16.12.10

Espaços de Punição e Desafios para a Ressocialização

Não tenho duvida de que infelizmente o sistema prisional hoje nada mais é que um mero espaço de punição, onde se matem o indivíduo preso para cumprimento da pena em que há privação completa da liberdade sem o mínimo suporte para que a função social desse espaço seja cumprida de fato.

Levando em consideração que a função social da pena privativa de liberdade é a reforma íntima do indivíduo para uma eventual evolução de seus comportamentos e para que este seja então readaptado novamente à sociedade, não é isso de fato que acompanhamos na maioria dos presídios brasileiros.

De acordo com a lei de execução penal , as celas devem possuir no mínimo 6m², ventilação adequada e condições humanas de sobrevivência para os seus atuais e futuros ocupantes. Isso de fato existe, porém sabendo que a população carcerária do Brasil gira em torno de 475 mil presos e que existem cerca de 10 vagas para cada 16 presos não é difícil constatar o deficit de vagas em estabelecimentos penais.

Diante desses dados, podemos concluir que grande parte da sociedade não se vira para enxergar que temos um grande problema, tanto nos índices que apontam o crescimento absurdo nos últimos anos da população carcerária, quanto nas condições humanas que esses detentos são submetidos nos presídios.

Não defendo aqui homens que cometeram crimes, porém enxergo um grande problema descarado de humanismo no qual os detentos são vítimas de um sistema prisional falido e que em hipótese alguma há algum tipo de ressocialização.

De acordo com o diretor do Centro de Ressocialização de Cuiabá, senhor Dilton Matos, “a ressocialização se da em três pilares indispensáveis: a educação, o trabalho - que vem atrelado com a disciplina – e a religião. Com isso, pode parecer utopia, porém se ao invés da sociedade punir esses detentos da forma mais extrema possível como acontece hoje nos presídios, investissem na ressocialização desses indivíduos dando-lhes oportunidades de trabalhar, estudar e produzir com disciplina, a possibilidade de grande parte deles voltarem para um convívio social é muito maior.

Esses homens que foram julgados e cumprem suas respectivas penas, são na maioria das vezes tratados pela sociedade como porcos fétidos e além de tudo, são excluídos como se naquele recinto não houvesse nada mais que uma parcela de monstros e que merecem ali apodrecer. 

É preciso então, esfregar na cara do cidadão comum e com dinheiro as condições a que estão submetidos os pobres e negros que são condenados. Talvez assim eles percebam que a sociedade oprimindo cada dia mais o criminoso irá ao invés de ressocializa-lo - para que este volte para um convívio social disposto a melhorar - acaba fazendo dele um monstro e é esse tipo de "ato falho" da sociedade que empurra cada dia mais jovens pobres e sem oportunidade para dentro desse aglomerado de grades, fazendo com que haja cada dia mais uma explosão da população carcerária no Brasil.

A arte de fazer em 12 linhas

Liberdade.
Não só a de expressão, mas de ação.
Coloca-se no leito do próximo o peso da execução.
Com que direito?
Executemos com amor, tesão e por opção.
Opção nossa e não a alheia.
Vende-se a paisagem, o encanto e a arte.
Arte esta, prolongada com discursos inerentes a ocasião.
Que arte se faz sem a magia do querer?
O tesão da execução é sem dúvida o essencial pra o ponto final esperado.
Esperemos um futuro com bem feitorias promovidas de vida, amor e vontade.
Vontade dos que executam e não vontade dos que planejam quem execute.


foto: ffffound.com

Robô, sapos e quereres


Júlio sempre sonhara em ter um robô para que pudesse presentear Matilde. Matilde era uma moça detalhadamente linda. Gostava de sapos e tinha uma grande afeição por sorvetes. O fascínio de ter um robô para dar a ela era simplesmente o seu fascínio. Matilde não adoraria o presente, mas Júlio tinha absoluta certeza que aquele presente cairia como uma luva para então pedir a ela para que fosse sua namorada.
Ao sair de casa todos os dias em direção à escola Júlio vivia a pensar que aquele fora o dia de pedir então Matilde em namoro, mas lhe vinha a cabeça que o robô ele não teria para presenteá-la e aquilo podia fazer com que ela não aceitasse.
 Mais um dia se passara. Voltava para casa as seis da tarde da escola e ao seu lado gritando surge então Matilde que o abraçou e disse então que mais um sapo para sua coleção havia ganho de Pedro. Pedro não era um rapaz dos melhores, era um nerd que vivia na sua e então Júlio não entendera o porque de Pedro dar-lhe um presente.
Enciumado perguntou a Matilde o motivo do presente de Pedro, então Matilde disse-lhe que era de despedida pois naquela semana iria para a capital com seus pais e para aquela cidade voltaria apenas para visitar seus avós e que aquela mudança seria boa para seus estudos.
De fato seria para ela um grande avanço, já que ela cogitava a hipótese de estudar medicina.
Júlio abriu a boca de espanto como se tivesse visto um sapo verde, de fato viu, mas o sapo que parecia ter visto não era um de gesso, mas sim um voador mega grande e com direito a raios para saltar em sua cabeça.
Matilde sem entender pediu que ele sentasse ali mesmo no canteiro que havia ao seu lado haja vista que ele não passava bem.
Júlio então negou a ajuda e para sua casa partiu dizendo a Matilde que iria vê-la mais tarde, pois tinha afazeres em casa e sua mãe o esperava para tal.
Chegando em casa Júlio sentou e questionou sua mãe porque as mulheres omitem algumas coisas com tanta facilidade e acham que por algum motivo já contaram coisas muito muito importantes para os homens.
Sua mãe riu e disse então que as mulheres nada mais são seres de difícil entendimento e por serem volúveis demais não praticam certas atitudes por falta de fidelidade ou por maldade e que praticam sim por mero desapego a algumas coisas e em determinados momentos e que quando felizes elas são capazes até de cozinhar bem.
Assimilando da forma mais prevista possível, Júlio pensou então que o fato de Matilde ter esquecido de contar-lhe que iria embora seria pelo simples fato de não ter tido nenhum momento de felicidade com ele naquela semana e que falhou em não ter proporcionado isso a ela. Pensou ter cometido um erro e que o robô de seus sonhos deveria ter conseguido há tempos para presenteá-la.
Pediu então que sua mãe comprasse o tal robô de seus sonhos que estava a venda na rua 47.
No dia seguinte, sua mãe fez então o combinado, comprou-lhe o robô. Júlio levou à escola e para Matilde iria entregar.
Mas chegando na escola receberá a noticia de que Matilde havia ido com seus pais para a capital e que voltara apenas no verão para ver seus avós.
Com o robô nas mãos, recebeu então de Pedro uma envelope que Matilde havia deixado a ele.
Júlio abriu então o envelope e leu.
Deu o robô para Pedro que sem entender nada ficou ali parado.
Júlio saiu da sala e no canteiro da escola sentou pensando então na besteira que havia cometido.
O robô que ele sempre sonhara não era o presente esperado por Matilde. O robô era um simples querer dele próprio e sem olhar para o verdadeiro querer dela fazia de sua vontade e de seus sonhos os sonhos dela. Ela esperava de fato apenas um sorvete e sua companhia.

10.12.10

Ensaio pós-dor

Menina


menina, abra seus olhos
o solo que pisa ja semeei
menina, desça da ponta
la ja estive te digo o que passei

o sorriso que ousa
com facilidade quebrarei
basta me dizer
que assim o farei

olho nos olhos
boca na boca
não é isso que basta
o perfeito não é ser a outra.

pise no solo
ele é quem manda
diz se é fértil
ou apenas uma demanda