16.12.10

Robô, sapos e quereres


Júlio sempre sonhara em ter um robô para que pudesse presentear Matilde. Matilde era uma moça detalhadamente linda. Gostava de sapos e tinha uma grande afeição por sorvetes. O fascínio de ter um robô para dar a ela era simplesmente o seu fascínio. Matilde não adoraria o presente, mas Júlio tinha absoluta certeza que aquele presente cairia como uma luva para então pedir a ela para que fosse sua namorada.
Ao sair de casa todos os dias em direção à escola Júlio vivia a pensar que aquele fora o dia de pedir então Matilde em namoro, mas lhe vinha a cabeça que o robô ele não teria para presenteá-la e aquilo podia fazer com que ela não aceitasse.
 Mais um dia se passara. Voltava para casa as seis da tarde da escola e ao seu lado gritando surge então Matilde que o abraçou e disse então que mais um sapo para sua coleção havia ganho de Pedro. Pedro não era um rapaz dos melhores, era um nerd que vivia na sua e então Júlio não entendera o porque de Pedro dar-lhe um presente.
Enciumado perguntou a Matilde o motivo do presente de Pedro, então Matilde disse-lhe que era de despedida pois naquela semana iria para a capital com seus pais e para aquela cidade voltaria apenas para visitar seus avós e que aquela mudança seria boa para seus estudos.
De fato seria para ela um grande avanço, já que ela cogitava a hipótese de estudar medicina.
Júlio abriu a boca de espanto como se tivesse visto um sapo verde, de fato viu, mas o sapo que parecia ter visto não era um de gesso, mas sim um voador mega grande e com direito a raios para saltar em sua cabeça.
Matilde sem entender pediu que ele sentasse ali mesmo no canteiro que havia ao seu lado haja vista que ele não passava bem.
Júlio então negou a ajuda e para sua casa partiu dizendo a Matilde que iria vê-la mais tarde, pois tinha afazeres em casa e sua mãe o esperava para tal.
Chegando em casa Júlio sentou e questionou sua mãe porque as mulheres omitem algumas coisas com tanta facilidade e acham que por algum motivo já contaram coisas muito muito importantes para os homens.
Sua mãe riu e disse então que as mulheres nada mais são seres de difícil entendimento e por serem volúveis demais não praticam certas atitudes por falta de fidelidade ou por maldade e que praticam sim por mero desapego a algumas coisas e em determinados momentos e que quando felizes elas são capazes até de cozinhar bem.
Assimilando da forma mais prevista possível, Júlio pensou então que o fato de Matilde ter esquecido de contar-lhe que iria embora seria pelo simples fato de não ter tido nenhum momento de felicidade com ele naquela semana e que falhou em não ter proporcionado isso a ela. Pensou ter cometido um erro e que o robô de seus sonhos deveria ter conseguido há tempos para presenteá-la.
Pediu então que sua mãe comprasse o tal robô de seus sonhos que estava a venda na rua 47.
No dia seguinte, sua mãe fez então o combinado, comprou-lhe o robô. Júlio levou à escola e para Matilde iria entregar.
Mas chegando na escola receberá a noticia de que Matilde havia ido com seus pais para a capital e que voltara apenas no verão para ver seus avós.
Com o robô nas mãos, recebeu então de Pedro uma envelope que Matilde havia deixado a ele.
Júlio abriu então o envelope e leu.
Deu o robô para Pedro que sem entender nada ficou ali parado.
Júlio saiu da sala e no canteiro da escola sentou pensando então na besteira que havia cometido.
O robô que ele sempre sonhara não era o presente esperado por Matilde. O robô era um simples querer dele próprio e sem olhar para o verdadeiro querer dela fazia de sua vontade e de seus sonhos os sonhos dela. Ela esperava de fato apenas um sorvete e sua companhia.

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